Mãe

>> 28 de abr. de 2011


Eu vinha querendo fazer um registro sobre fragilidade e coragem. Seria para divagar a respeito do imprevisível e do que passa magnificamente desapercebido. E de todas as vezes que tudo isso se mistura, numa só existência, inúmeras vezes.

Falar do que se sente quando percebemos a iminente partida de alguém que nos fala ao coração... difícil. Alguém de importância ímpar - ainda que nem sempre assim queiramos.
Vai partindo um pouquinho mais a cada dia... indo... indo. Definhando. Enfraquecendo, vai desmanchando. Falha aqui, bate não bate. Lembra, esquece. Engasga. Cambaleia. Falsas esperanças de novamente um vigor percorrer seu corpo. Sonha com dias de bem estar. Dura realidade. A velha moça nova que há tempos encantou rapazes. Hoje o implacável tremor impede qualquer postura mais elegante... ou íntegra. Desafiou um destino de miséria. Hoje não há espaço sequer para altivez já que busca apenas em comer com facilidade. Como ter serenidade e equilíbrio quando defecar se torna um objetivo?
Mãe, mesmo agora você escreve uma estória de valentia e conquistas. Todas as dificuldades de sua sofrida trajetória foram superadas honrosamente por sua garra. Mesmo sem posses. Mesmo rodeada de doenças. Ainda que constantemente ameaçada por loucuras genéticas. Você, mãe, em sua humildade primária, venceu! Mesmo agora. Mesmo hoje! Até o fim.

Quando fechar seus olhos, mãe, abra bem os seus braços e não tenha medo. É Deus, o supremo ser de luz, que vai te abraçar com todo amor.

3 comentários:

Betica 5 de maio de 2011 às 13:20  

Incrivelmente lindo, real e forte. Te amo mais.

Anônimo 5 de maio de 2011 às 17:47  

Óbvio....chorando copiosamente!
Te amo mais ainda!
Lela.

Anônimo 28 de julho de 2011 às 15:13  

Parabéns!Teus textos são excelentes!e o bom gosto das figuras...Tônia