O dia D

No dia em que a polícia colocou a arma na cara dos bandidos teve manifestação a favor dos direitos humanos. Teve gente alertando para se ter cautela no sentido de não haver derramamento de sangue. Afinal, todo cuidado é preciso para lidar com quem rouba a tranquilidade, os bens, a honra e a vida de nossos familiares e amigos - que, convenhamos, também são pecadores.

Quem sou eu prá dizer que fumar e cheirar não pode ser comparado a sequestrar, roubar, estuprar e matar?! Eu só queria mesmo é falar que até brota esperança vendo uma ação tão conjunta e sincronizada... até dá prá acreditar que o mundo tem jeito se lembrarmos que todos somos humanos, que temos um direito de ser felizes que se equipara ao de quem está sentado ao nosso lado - ainda que estejamos dentro do ônibus ou do metrô.

Enfim, quem está indo ou voltando do trabalho, do colégio, do médico ou do lazer também merece ter seus direitos apontados como dignos de cuidado e atenção. Quem vê seu dinheiro evaporar diante de tantos impostos embutidos em cada ação rotineira também merece toda proteção e direito de respirar pela rua sem medo de não chegar. Quem trabalhou décadas a fio se sujeitando a todo tipo de dificuldades também é merecedor de uma rua em paz que o leve até sua casa, sua esquina, seu bar, seu trabalho, sua família. Não importa a cor, a crença, o tipo de corpo, o nível sócio cultural, a conta bancária... Queremos andar em paz rumo a pequena grande felicidade de ser cada um. Isso já é uma busca para a vida toda... mas para buscar precisamos, no mínimo, estar vivos.